Mausoléu para mulheres trans abandonadas por familiares é inaugurado no México

Um mausoléu inteiramente dedicado às mulheres trans foi inaugurado na cidade do México na últiam quinta (14/09). O mausoléu terá espaço para até 149 mulheres, muitas das quais eram trabalhadoras do sexo que morreram sozinhas ou cujos corpos não foram reclamados pela família. É ideia de Kenya Cuevas, uma mulher trans que deixou o trabalho sexual para iniciar um grupo de defesa e abrigo para trans.

Cuevas, ou Mama Kenya, como é conhecida pela família trans que escolheu, disse que a primeira pessoa a ser enterrada será sua amiga íntima Paola Buenrostro, que foi morta a tiros a sangue frio diante de seus olhos em 2016. “Você não precisa mais pagar aluguel”, diz Paola em seu túmulo atual marcado por uma lápide rosa, de acordo com a Associated Press. “Você terá sua própria casa agora“. O assassinato e suas consequências mudaram a vida de Cuevas.

Ela abandonou o trabalho sexual e fundou a Casa de Muñecas para fornecer apoio a profissionais do sexo trans na cidade do México. Em um documentário da Vice Life de 2022, Cuevas diz que seu abrigo adota uma abordagem holística para atender às necessidades das mulheres trans. “O trabalho sexual é um mundo cheio de altos e baixos, certo? São muitas situações que envolvem você em ciclos viciosos como vício, alcoolismo e trabalho o dia todo”, disse ela no documentário.

A minha estratégia foi abrir um abrigo, mas não só um abrigo para lhes dar comida ou um lugar para dormir, porque isso não bastava. No México, as pessoas trans são privadas do direito à educação, à moradia e à identidade ou a ter uma família. O abrigo se concentra em [garantir] que elas possam se identificar em um ambiente livre de violência, para que possam obter ferramentas que lhes foram negadas desde o momento em que se assumiram como mulheres trans“, explica Cuevas.

A Casa de Muñecas fundou o mausoléu, que também abrigará os restos mortais da ativista indígena dos direitos dos transgêneros Guadalupe LupillaXiu, que morreu no início deste mês após fugir da tortura e do sequestro em sua cidade natal, Oaxaca, e de outras 12 mulheres trans que serão desenterradas para colocação no mausoléu. Que iniciativa incrível, não é mesmo?!

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Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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