Mostra “Invertido” revela universo de artista queer da periferia da Amazônia
Um dos nomes da arte queer de maior destaque no Brasil, Henrique Montagne, abre exposição individual na próxima quinta-feira (16), na Casa das Artes, em Belém. Usado popularmente para discriminar pessoas LGBTIQA+, o termo “Invertido” batiza a mostra de Henrique, que estreia na próxima quarta-feira (16) e segue cartaz até domingo (19). Nela, o artista paraense abre seu universo queer, forjado pela cultura pop como ferramenta de sobrevivência e construção identitária, desde a infância, até a fase adulta vividas na periferia da Amazônia.
Desenho, pintura, colagem, vídeo, objeto. O atravessamento entre diversas linguagens compõe a mostra, contemplada pelo Prêmio Branco de Melo, da Fundação Cultural do Pará, por meio do Governo do Estado via Secretaria de Cultura do Estado do Pará, com apoio da Maxcolor e Amazonique, e realização da Kuya. Na exposição, Montagne torna a imagem um gatilho estético e político contra a normatividade “moral” do patriarcado, aquele mesmo que arregimentou ciências, religiões e filosofias para inventariar “desviados” ou “pervertidos”: os “invertidos”. Nas obras, o “quebra-cabeça” que constitui a psiqué queer tem como peças os Ursinhos Carinhosos, Castelo Rá-tim-bum, filmes como Homem-Aranha e bonecos Max Steel que se beijam.
“Henrique revisita os clichês sobre a masculinidade corrosiva enquanto, paradoxalmente, agencia essa mesma masculinidade como fetiche para certas camadas das chamadas sexualidades dissidentes. Inverte (ou perverte), na suposta inocência disneyficada da infância, os índices da injúria sobre gays e queers, instalando sua poética (e seus chifres profanos) num fio de navalha estendido (e tensionado) entre o kitsch e o pop, entre o ‘bom’ e o ‘mau’ gosto.
Um dos destaques da cena contemporânea da Amazônia, Henrique Montagne integrou este mês uma exposição coletiva de arte queer em Portugal, e foi indicado, em 2022, ao prêmio PIPA, um dos mais importantes do Brasil. “Suaves Brutalidades”, a primeira exposição individual de Henrique, ocorreu em 2021. Desde então, suas obras já circularam por salões, prêmios e exposições no Brasil e no exterior, como o Thessaloniki Queer Arts Festival (Grécia, 2021) e Do Write [Right] To Me (EUA, 2021).
Serviço: Mostra “Invertido”, de Henrique Montagne, de 16 a 19 de novembro, na Galeria Ruy Meira, na Casa das Artes, localizada na R. Dom Alberto Gaudêncio Ramos, 236 – Nazaré, ao lado da Basílica – Belém – PA. Visitação: 9h às 17h, de segunda a sexta-feira. Entrada gratuita.