Considerada a primeira travesti do Brasil, Xica Manicongo será enredo do Tuiuti no carnaval de 2025

A história de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti não indígena do Brasil, será homenageada pelo enredo do Paraíso do Tuiuti no Carnaval de 2025 do Rio de Janeiro. A escola de samba divulgou na última sexta-feira (05/04) a escolha do samba-enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo? para levar à avenida no ano que vem. Já o tema será desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos.

Xica foi trazida do Congo para ser escravizada em Salvador no século 16 e se recusava a vestir trajes ligados ao imaginário do guarda-roupa masculino da época. Assim, foi acusada de sodomia e julgada pelo Tribunal do Santo Ofício por heresia. Foi condenada à pena de ser queimada viva em praça pública e ter seus descendentes desonrados até a terceira geração. Para não morrer, abdicou das roupas e adotou o estilo direcionado aos homens.

Documentada como homem homossexual, a africana teve sua história relida e foi classificada como travesti pela ativista negra Majorie Marchi. Desde então, Manicongo foi abraçada pela comunidade de travestis e transexuais como símbolo de resistência. Seu sobrenome era um título utilizado pelos governantes para se referir aos seus senhores e às divindades. Dessa forma, pode-se traduzir seu nome como “Rainha ou Realeza do Congo“.

O título do enredo é uma provocação. A quem interessa apagar a história de Xica Manicongo? Ela foi transgressora em sua trajetória, foi fichada pela Santa Inquisição e virou símbolo de luta das pessoas trans“, explica Jack.

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Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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