Em rede nacional, Milton Cunha fura censura da Globo e emociona com discurso a trans e travestis

Nesta terça-feira (04/03), o apresentador Milton Cunha fez um discurso emocionante durante a cobertura do desfile da Paraíso do Tuiuti, que levou para a Marquês de Sapucaí um enredo dedicado à primeira travesti documentada do Brasil, Xica Manicongo. Em sua fala, Milton destacou a importância da visibilidade LGBTQIAPN+ em um espaço tão grandioso como o Carnaval.

“Tiro o chapéu para o presidente pela coragem de nos trazer, nós LGBTQAIPN+, excluídos, apontados, assassinados, para esse lugar de visibilidade que é a Marquês de Sapucaí”, afirmou, agradecendo também à TV Globo por tê-lo contratado como apresentador. Em um momento de forte impacto, Milton Cunha fez um apelo contra a violência que atinge a comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil, país que lidera o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans. “Todos os seres humanos, parem de nos matar. Nós somos crianças espancadas, jogadas para o escanteio. A gente não pode ir na sala porque os vizinhos, os juízes, os diretores de colégios, os padres, todo mundo odeia a gente”, desabafou. Sua fala ressoou como um grito por respeito e humanidade, destacando a importância de enredos como o da Tuiuti, que celebram figuras históricas como Xica Manicongo, símbolo de resistência e identidade.

Xica Manicongo, escravizada no século 16 em Salvador, ficou conhecida por desafiar as normas de gênero da época, recusando-se a usar roupas masculinas. O discurso de Milton Cunha, além de emocionante, serve como um lembrete poderoso da necessidade de combater a discriminação e celebrar a diversidade, honrando a memória de quem, como Xica, abriu caminhos para a existência e resistência de tantos outros. Viva Xica Manicongo! Viva a Tuiuti! Viva Milton!

Leia a íntegra:

Eu, do meu lugar de fala, tiro o chapéu para escolas de samba como a Tuiuti, tiro o chapéu para o presidente [Renato] Thor, por ter coragem de nos trazer, nós, LGBTIAPN+, excluídos, apontados, assassinados, para esse lugar de visibilidade que é a Marquês de Sapucaí.

Obrigado, TV Globo, por me contratar — eu, uma maricona velha, assumida, pintosa e estou aqui falando viva. Todos os seres humanos, parem de nos matar. O Brasil é o país que mais nos mata no mundo.

É dramático, é veemente. Cada dedo que nos apontam, cada olhar. Nós somos crianças espancadas, nós somos crianças jogadas para escanteio. A gente não pode ir na sala porque os vizinhos, os juízes, os diretores de colégio, os padres, todo mundo odeia a gente.

Que venha a Tuiuti, que venha Xica Manicongo nos representar e dizer: ‘Nos somos seres humanos, nós merecemos todo o respeito do mundo. Viva a tolerância, viva a democracia, viva a fraternidade, viva o humanismo’!

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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