Katy da Voz e as Abusadas são interrompidas pela polícia e tem show vetado em festa na Unicamp

A cena underground paulistana vem sendo marcada pela ascensão de grupos artísticos audaciosos e expressivos, como Katy da Voz e as Abusadas, um trio formado por Katy da Voz, Palladino Proibida e Degoncé Rabetão. Recentemente, o grupo viveu um episódio de censura em Campinas (SP), onde teria se apresentado na tradicional festa Bicuda, realizada no Diretório Central de Estudantes (DCE) da Unicamp, nesta quinta-feira (31/10). Poucos minutos antes de subir ao palco, o show foi suspenso, pegando o trio e o público de surpresa. Em um comunicado oficial no Instagram, as artistas informaram que o cancelamento se deu por “questões de logística”.

A festa, conhecida por seu caráter inclusivo e cultural, acabou sem o show mais aguardado da noite. Segundo depoimentos do trio, a presença da polícia teria sido determinante para a decisão de suspender a performance. Em desabafo nas redes sociais, Katy da Voz expressou sua frustração, explicando que estavam prontas para o show quando foram informadas de que, se insistissem em subir ao palco, o evento seria encerrado pelas autoridades. “Espero, de coração, que vocês entendam que isso não é com a Katy da Voz e as Abusadas”, lamentou a artista.

De acordo com Katy, a proibição está relacionada a um episódio ocorrido em abril deste ano, também na festa Bicuda, em Campinas, onde uma apresentação do grupo gerou polêmica devido a “cenas de nudez e simulação de sexo”. Como resultado, a Prefeitura de Campinas determinou, em um processo administrativo, que a Secretaria Municipal de Cultura suspendesse qualquer apoio à produção da festa. Na época, a Secretaria alegou que não foi previamente informada sobre o conteúdo da performance, realizada em espaço público. Essa proibição parece ter criado uma barreira para futuras apresentações do trio em eventos abertos da cidade. “Eles já sabiam que a gente ir pra lá fazer show. O loca era aberto, dentro de uma universidade. Então, não deu certo. Para gente voltar pra Campinas agora, precisa ser em uma boate, em um local fechado”, lamentou a artista.

Katy encerrou o comunicado deixando uma reflexão sobre liberdade artística e a resistência que o grupo representa. Em um texto publicado em seu stories, ela afirmou: “Nosso show tem direção criativa e é roteirizado por mim. Eu não gostaria de fazer algo fora do roteiro para adaptar o local e a nossa segurança, porque no final do dia o que fazemos é arte e amor”. Mesmo diante das adversidades, Katy e seu grupo mantêm sua postura firme, ressaltando que a arte punk, para elas, é expressão, liberdade e enfrentamento, e que continuarão a lutar por espaços onde possam performar sem limitações impostas.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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