Pessoas transexuais sempre estiveram aqui – e essas fotos raríssimas provam isso
Com o início da Semana de Conscientização Trans (13 a 19 de novembro) nos Estados Unidos, o mês de novembro ganha um significado ainda maior com a aproximação do Dia Internacional da Memória Transgênero, em 20 de novembro. Este período serve como um lembrete essencial de que as pessoas trans sempre fizeram parte da história e continuam a moldá-la. Em meio a essa reflexão, Eli Erlick, escritora, ativista e acadêmica trans, tem se destacado pela luta contra o apagamento da história trans, resgatando e divulgando relatos e imagens históricas de pessoas trans ao longo do tempo.
A trajetória de Erlick na luta pela preservação da memória trans é pessoal e profunda. Em entrevista ao site PinkNews, ela compartilhou como, em 2003, ao se assumir como uma garota trans, já sentia o peso da invisibilidade e da negação da existência trans pela sociedade e pela mídia. Motivada por essa frustração e pela crescente onda de desinformação e narrativas antitrans, Eli começou a escrever um livro focado em histórias trans pouco conhecidas que datam de 1850 a 1950, uma tentativa de resgatar relatos apagados por séculos. “A história trans não é apenas negligenciada por um viés da extrema direita, mas também por acadêmicos e editoras que querem manter o controle sobre nossa narrativa”, disse ela.
Além de seu trabalho literário, Erlick vem colorizando e compartilhando imagens históricas que antes eram conhecidas apenas em preto e branco. Essas imagens revelam a força e a presença de pessoas trans e LGBTs ao longo da história, com destaque para figuras como Stormé DeLarverie, uma lésbica negra e drag king, e os manifestantes de Stonewall, mostrando como a luta por direitos trans foi, desde sempre, liderada por um grupo multirracial e multigênero. Eli também revive momentos emblemáticos, como a trajetória do atleta Mark Weston, que fez a transição em 1936, e de Christine Jorgensen, a primeira pessoa trans amplamente conhecida nos Estados Unidos por sua cirurgia de afirmação de gênero.
O trabalho de Eli Erlick não se limita apenas a recontar histórias. Ela também aponta para a importância de corrigir distorções históricas, incluindo o racismo presente na fotografia. Eli explica que, em muitas imagens antigas, as sombras e a iluminação em preto e branco frequentemente apagam ou distorcem as representações de pessoas trans e negras. Com sua iniciativa, Eli busca não apenas visibilizar a história trans, mas também garantir que as futuras gerações conheçam a diversidade e a resistência trans desde os primeiros momentos da luta pelos direitos humanos.
The misconception Stonewall Rioters were all white gay cis men is partially due to B&W photography. Sure, it was *mostly* gay cis men who patroned Stonewall, but it was indisputably started by a Black drag king (Stormé DeLarverie) and fought by a multiracial, multigender group. pic.twitter.com/5YzmNzgmtU
— Eli Erlick (@EliErlick) February 25, 2023
I was colorizing trans photos and it reminded me of star athlete Mark Weston, who transitioned in 1936. It's as if he was erased from the history books. He was one of the world's top athletes and Britain's #1 women's shotputter for 6 years. His brother Harry was also trans! pic.twitter.com/7eqAtp8OHQ
— Eli Erlick (@EliErlick) February 24, 2023
Japan had a short-lived heyday of transgender self-determination in the midcentury. Multiple clinics offered gender-affirming surgeries from ~1950-1965 before the nation banned them. Trans people hung out on the streets of Tokyo like in these Katsumi Watanabe photos I colorized: pic.twitter.com/9PYzwEOTpJ
— Eli Erlick (@EliErlick) March 27, 2023
Think trans people are too mean about misgendering these days? From 1913 on, Zapatista colonel Amelio Robles Ávila threatened to shoot anyone that called him a woman with his pistol. He lived openly as a man for 71 years and was supported by his family, peers, and government. pic.twitter.com/JjlDnCZKwb
— Eli Erlick (@EliErlick) March 17, 2023
1921: four trans activists stand outside Hirschfeld's Institute for Sexual Science, 12 years before Nazis stormed the facility and burned its books. The photo is among the most captivating I've colorized/restored from the pre-war era. More from @gwenners: https://t.co/lGcsNZeX80 pic.twitter.com/qHKVVPbxw2
— Eli Erlick (@EliErlick) March 13, 2023
Jackie Shane was a Black trans Tennesseean singer active from the '50s-2000s. She came out as trans at 13 to a supportive family in the Jim Crow south.
— Eli Erlick (@EliErlick) March 8, 2023
By every right, Jackie should have been a superstar but the world wasn't ready for her legendary voice. She passed in 2019 at 78 pic.twitter.com/cYMhcjMqxu