Proposta de tombamento do túmulo de Madame Satã ganha abaixo assinado; saiba como participar

Negro, gay, ex-presidiário e lenda viva da cultura marginal brasileira, João Francisco dos Santos — a célebre Madame Satã — marcou a história como símbolo de resistência contra o racismo, a LGBTIfobia e a marginalização social. Reconhecendo a potência desse legado, o estudante de turismo e ativista Baltazar de Almeida iniciou uma campanha oficial de tombamento do túmulo de Madame Satã, localizado na Vila do Abraão, em Ilha Grande (RJ). A proposta visa transformar o local em patrimônio cultural, protegendo a memória de uma das figuras mais emblemáticas da arte e da resistência no Brasil.

A ideia surgiu durante uma pesquisa sobre histórias invisibilizadas e atrativos turísticos em Angra dos Reis. Ao descobrir a conexão entre Madame Satã e a região, Baltazar — que é negro e morador de uma comunidade local — decidiu aprofundar seus estudos e deu entrada no pedido de tombamento em janeiro deste ano (Processo nº 01450.000869/2025-85). “Saber que uma figura tão importante está enterrada ali, ao lado da casa de uma amiga caiçara, me trouxe ainda mais vontade de proteger esse patrimônio”, contou o pesquisador.

Com apoio do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+, a proposta também lança luz sobre a falta de homenagens a personalidades negras e LGBTQIAPN+ no Brasil. “A história de Madame Satã muitas vezes foi contada por olhares brancos e cisgêneros, sem dar espaço para as camadas mais profundas de sua trajetória: a luta contra a escravidão, o racismo, a homofobia e o desejo de ser artista”, pontua Baltazar. Para ele, o túmulo guarda mais do que restos mortais — guarda o símbolo de uma vida que enfrentou e venceu a exclusão.

O presidente do Grupo Arco-Íris, Cláudio Nascimento, reforça: “O tombamento do túmulo é um ato de justiça histórica. É dizer que quem construiu a cidade com o corpo não será esquecido. É recusar o apagamento de uma vida que virou lenda. Quando o Estado nega memória, a gente ergue o patrimônio com a voz”. Em suas palavras, “Madame Satã tombou a repressão. Agora é a nossa vez de tombar seu nome como história viva”. Assine a petição online e compartilhe com suas redes. Cada apoio conta para preservar essa história de coragem, arte e liberdade: https://chng.it/7vPntMVKcX.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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