Meta nomeia notório teórico da conspiração anti-LGBTQ+ como consultor sobre viés político em IA

O conglomerado de mídia social Meta, dono do Facebook, Instagram e WhatsApp, nomeou o teórico da conspiração de direita e abertamente anti-LGBTQ+ Robby Starbuck para aconselhar a empresa sobre “viés político” em inteligência artificial. A decisão veio logo após a gigante da tecnologia encerrar um processo de difamação movido por Starbuck, que exigia US$ 5 milhões em indenização.

Ex-diretor de videoclipes e candidato republicano derrotado ao Congresso, Starbuck é hoje uma das figuras mais barulhentas na chamada “Guerra aos Woke”, liderando boicotes e campanhas contra políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) em grandes corporações. Sua pressão já levou empresas como Walmart, Ford e Harley-Davidson a recuarem em iniciativas pró-diversidade.

O processo contra a Meta começou depois que o chatbot da empresa afirmou, falsamente, que Starbuck participou da invasão do Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. Como parte do acordo, e segundo o The Wall Street Journal, ele agora trabalhará para “ajudar” a Meta a evitar suposto viés ideológico em seus sistemas de IA. “Desde que se envolveu nessas questões importantes com Robby, a Meta fez grandes progressos para melhorar a precisão da Meta AI e mitigar o preconceito ideológico e político”, diz um comunicado conjunto. Não foi revelado se o republicano recebeu algum pagamento no acerto.

A nomeação vem seis meses após a Meta flexibilizar sua política de Conduta de Ódio. Desde janeiro, a empresa deixou de moderar conteúdos considerados “divisivos”, como imigração e gênero, e substituiu seu programa independente de checagem de fatos por um sistema de notas da comunidade inspirado no X (ex-Twitter) de Elon Musk. Com isso, agora é permitido, por exemplo, que usuários chamem pessoas LGBTQ+ de “doentes mentais” apenas por sua orientação sexual ou identidade de gênero. “Nós permitimos alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade e o uso comum e irreverente de palavras como ‘estranho’”, afirmam as diretrizes revistas.

O novo cargo de Starbuck também se alinha a movimentos recentes do governo dos EUA. No mês passado, o presidente Donald Trump assinou a ordem executiva “Prevenção da IA consciente no governo federal”, exigindo que empresas de IA com financiamento público mantenham modelos “politicamente neutros” e livres de “dogmas ideológicos como DEI”. Segundo Trump, essas políticas “ameaçam a verdade” e distorcem resultados. A ironia, no entanto, é que seu próprio governo já recorreu a usos questionáveis da IA, criando imagens falsas e espalhando informações enganosas — incluindo supostos apoios de Taylor Swift e até uma prisão fictícia do ex-presidente Barack Obama diante dele.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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