UFRJ, maior universidade federal do país, aprova cotas para pessoas trans, travestis e não-binárias
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) deu um passo histórico e decisivo pela inclusão ao aprovar a reserva de vagas para pessoas trans, travestis e não-binárias em seus cursos de graduação. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (30) pelo Conselho Universitário da instituição e passa a valer no Sisu a partir de 2026. Pelo novo modelo, 2% das vagas de cada curso serão destinadas à população trans — e cursos com poucas vagas terão, no mínimo, uma oportunidade garantida, assegurando que a política seja efetiva em toda a universidade.
A iniciativa vinha sendo construída desde 2024 pela Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade da UFRJ, em diálogo com coletivos e movimentos sociais. De acordo com a instituição, a política representa um esforço de reparação histórica e uma resposta à baixa presença de pessoas trans no ensino superior, realidade marcada por exclusões, violência e obstáculos socioeconômicos. Para além do simbolismo, a medida consolida uma transformação concreta no acesso à educação pública no país.
Com a aprovação, a UFRJ se junta a outras instituições brasileiras que já adotam cotas trans, como Unicamp, UnB, UFSC, FURG, UFF e UFRRJ — estas duas últimas também no Rio, que implementaram a política em 2024. Mas o impacto aqui é ainda maior: estamos falando da maior universidade do estado e uma das mais prestigiadas do país, com quase 70 mil estudantes. Em junho, a federal carioca foi apontada como a segunda melhor universidade brasileira pelo Center for World University Rankings, atrás apenas da USP, reforçando o peso da decisão no cenário acadêmico nacional.
Segundo a pró-reitora de Graduação, Maria Fernanda Santos Quintela, a aprovação das cotas começou a ser articulada ainda durante a campanha para reitoria, a partir de uma proposta apresentada pela deputada Dani Balbi (PCdoB). Movimentos como a Rede Trans UFRJ foram fundamentais na construção do projeto, também contando com a atuação de nomes como a cientista social Ariela Nascimento, que já havia participado da luta pela implementação das cotas trans na UFF. A conquista chega com força e ecoa além dos muros da universidade: marca uma vitória importante pela dignidade, representatividade e permanência da população trans no ensino superior — e pela construção de um futuro mais justo e plural para o Brasil.

