“Estar depressivo e ansioso é uma das experiências mais isolantes que uma pessoa pode viver”

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“Sai dessa, supera…” possivelmente é uma das coisas mais difíceis de ouvir quando se está lidando com uma questão de saúde mental. Ansiedade e depressão afetam uma em cada quatro pessoas em algum ponto da vida. Porém, de acordo com o terapeuta Junaid Ghani, o número é definitivamente muito maior, principalmente na comunidade LGBTT+, que viu as taxas dessas doenças aumentarem muito nos últimos 30 anos.

“Trabalho como terapeuta na área de terapia cognitivo-comportamental para indivíduos que sofrem com ansiedade e depressão. No dia a dia, eu ajudo a empoderar e equipar pessoas com ferramentas que as ajudem a fazer mudanças positivas” conta Junaid. “Um problema consistente que vejo praticamente em todos esses casos é a autocrítica. Estar deprimido e ansioso é visto como um fracasso. Nós nos castigamos por nos sentirmos para baixo. Mas olha só: não é culpa sua e não é seu fracasso. Afinal, você não escolheu se sentir deprimido ou ansioso, certo?!”.

No lugar de autocritica, a sociedade deve acolher a depressão e ansiedade como uma parte normal e funcional da vida, para que possamos então aprender a lidar com ela. Confira o que ele relata ao site Gay Star News:

Como qualquer emoção positiva, como felicidade, alegria e excitação, a depressão e ansiedade são muitos necessárias. Ansiedade nos ajuda a resolver problemas. Se não tivéssemos que nos preocupar, não seríamos estimulados a fazer as coisas acontecerem em nossas vidas. Similarmente, depressão também tem função: permite que nosso corpo entre numa fase de “baixa energia” após uma experiência difícil ou complicada, para se recuperar.

Porém, quando estão em seu auge, elas afetam todos os aspectos de nossas vidas: nossa capacidade de concentração, foco e força de vontade para realizar as atividades diárias diminui. Não conseguimos nos comunicar ou até levantar da cama algumas vezes. Às vezes, nossos corpos respondem com sintomas físicos complicados, como fadigas, palpitações e falta de ar, podendo até levar a ataques de pânico.

Estar depressivo ou ansioso é possivelmente uma das experiências mais isolantes que um ser humano pode vivenciar. Quantas vezes você ouve alguém dizendo “olhe pelo lado positivo” ou “tenho certeza que não é tão ruim quanto parece”. Ouvir essas palavras nesses casos só fazem a pessoa se sentir pior: você se sente sozinho e acha que ninguém entende o que está sentindo, e isso vira um círculo vicioso.

Imagina que você está preso em um buraco no chão que não consegue sair. Seu amigos lá em cima estão te olhando com pena e dizendo “nossa, que situação terrível” ou “você parece muito pra baixo”. Eles não tem a intenção, mas apenas te fazem lembrar de como as coisas são ruins.

Em vez disso, se seu amigo desce na cova, senta com você, segura sua mão e diz que está ali para você e que não está sozinho; Então vocês sentam e esperam até estarem prontos para sair do poço. Isso é empatia. Essa é a abordagem que todos precisam ter com si próprios e com outros que estão experimentando essas questões e é isso que a terapia cognitivo-comportamental te ajuda alcançar.

Depressão e ansiedade não precisam ser experiências isoladoras: não precisamos estar sozinhos e, o mais importante, não precisamos ser autocríticos. Faça hoje a escolha de ter empatia com o sofrimento alheio, mas da mesma forma, é importante que você não se puna por sentir como você naturalmente se sente; Seja empático com você mesmo e tente entender seus problemas para recuperar o controle.

O paquistanês ainda deixa cinco dicas para te ajudar a recuperar o controle da sua vida:

1. Seus sentimentos importam
Não lute contra a sua ansiedade e depressão. Em vez disso, dê-lhes as boas vindas a sua própria maneira, anote seus sentimentos e tente entender seus próprios círculos de comportamento.

2. Fale.
Converse com amigos e familiares. Não guarde para si, compartilhe suas experiências. Você não está sozinho.

3. Mantenha-se ativo e ocupado
A pior coisa a se fazer quando se está para baixo é não fazer nada e se isolar. Passe algum tempo com outras pessoas. Mesmo cinco minutos andando no shopping perto da sua casa vão ajudar.

4. Tenha empatia.
Realmente tente entender o que a pessoa está sentindo e não sempre espere que ela “saia dessa” como se fosse algo simples.

5. Procure ajuda profissional.
Se você está enfrentando depressão ou ansiedade, fale com seu médico ou procure uma terapeuta que trabalhe com terapia cognitivo-comportamental perto de você.

Redação Pheeno

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