Pai sai em defesa de filho homossexual que viralizou em passeata contra Bolsonaro

Fábio Pereira, de 42 anos, é um advogado e professor universitário do Rio de Janeiro. No sábado (29/09), sua esposa e filho viraram assunto na internet ao participarem da passeata do movimento #EleNão estampando o orgulho LGBT nos rostos.

Rafael Pereira, de 15 anos, escreveu o geralmente pejorativo “viado” em sua testa, com o apoio expresso da mãe, Talita Menezes. As reações foram diversas, do acolhimento às críticas. A polêmica motivou um post de Fábio em seu perfil pessoal no Facebook, que até o momento já conta com quase 150.000 curtidas.

Em entrevista ao #VirouViral, Fábio afirma que Rafael assumiu sua homossexualidade para a família aos 11 anos. “Nós nunca quisemos que ele mudasse quem é. A gente tinha apenas receio de que fosse cedo demais para ele se autoafirmar, mas o Rafael sempre teve muita liberdade para se colocar. Nos relacionamos por critérios pessoais com as pessoas, com quem elas namoram não importa”, diz.

Pais de 2 meninos, Fábio e Talita optam por desmistificar os medos na criação de seus filhos: “Em casa somos dois advogados e professores, que defendem o senso de justiça. A gente sempre propaga uma defesa pelo amor, pela solidariedade. O medo do diferente domina o mundo todo e vai tentar reverter essa diferença para o padrão, mas não por isso eles podem deixar de viver o certo para eles”.

“Olhe para a cara do seu filho e perceba que é uma pessoa tão frágil quanto aquele bebê que você carregou no colo. É a mesma pessoa. O filho não é sua propriedade, a gente cria eles para o mundo. O diferente faz parte da condição humana, e isso faz parte da nossa graça”, diz ele.

Manifestação Viral

Simpatizante do movimento #EleNão, Fábio participou de parte da passeata de domingo e conta que reagiu com surpresa ao encontrar com Talita e Rafael: “Eu estava trabalhando, encontrei com eles só no finalzinho. Quando vi as expressões na testa só consegui dizer ‘vocês são malucos’”. Para o advogado, defender seu modelo de família foi o que motivou o texto no Facebook.

Com relação aos comentários negativos, o advogado diz que tenta se proteger: “Nós temos algumas mensagens de ódio ‘printadas’ e guardadas, estamos pensando se vamos fazer delas um caso na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática. Pedimos aos nossos familiares e amigos para não responder a essas pessoas negativas. Estou excluindo todas as mensagens ruins que alcanço, apesar de não conseguir mais, graças ao alcance que a postagem teve”.

O advogado se preocupa com a falta de uma legislação em prol da comunidade LGBT: “Não existem leis que protejam pessoas como meu filho, mas sim decisões judiciais. Parece absurdo que o STF tenha julgado legal o casamento entre pessoas do mesmo sexo mas ainda falte ao país afirmar em lei esses direitos”.

“Meu medo é que ele não tenha uma união estável estruturada e fique sem os direitos reconhecidos de pronto. Ou, por exemplo, se ele não quiser casar mas sim ser um pai solteiro e adotar uma criança: porque se eu me autoafirmar heterossexual eu posso adotar uma criança, mas uma pessoa gay não tem esse direito? Ou ainda no caso da doação de sangue, em que um homossexual tem que se adequar a diversas exigências. Existe ainda sim um preconceito nessas questões.”

Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

Você vai curtir!