Gari transgênero afirma ter sido vítima de preconceito dentro da empresa

Uma gari transgênero da Comlurb denuncia ter sido vítima de preconceito por colegas de profissão e por algumas gerências da companhia de limpeza urbana do Rio. Ela, que se identifica como Victórya, afirma que foi impedida de usar os banheiros femininos e que teve até sua folha de ponto rasurada para forjar supostas faltas.

A gari diz que começou a sofrer discriminação ao entrar para a Comlurb, por meio de concurso público em 2014. Na época, ainda estava em processo de transição e usava o nome masculino, que hoje faz questão de não divulgar. Victórya explicou ao jornal O Globo que a medida que seu corpo foi passando por mudanças por causa da transformação de gênero, ela se sentiu mais confortável em passar a usar o banheiro feminino mas, a gerência da empresa não entendeu sua situação.

A gari afirma ter sofrido represálias de funcionárias mulheres, e por isso, voltou a usar o banheiro masculino. “Foi onde comecei a ter problemas com o gerente. Ele dizia que eu era homem e que eu tinha que usar banheiro de homem. Fui à delegacia e prestei queixa. Procurei a Defensoria Pública, que perguntou se eu queria entrar com uma ação judicial pedindo danos morais, mas eu respondi que não, porque eu queria continuar trabalhando na empresa. Eu queria mesmo só um acordo com eles”, explicou Victórya, que acabou sendo transferida.

A folha de ponto, que segundo a gari, foi adulterada (FOTO: Arquivo pessoal)

A gari disse que mudou de gerência várias vezes, passando por pelo menos cinco unidades da Comlurb: Flamengo, Botafogo, Marechal Hermes, Campo Grande e Mendanha. “Antes de me transferir, o gerente do Flamengo passava por mim e ria, fazia piada. Outros garis também faziam chacota. Fizeram várias coisas para manchar a minha imagem, fui humilhada, faziam de tudo para me rebaixar”.

Após a gari procurar a ajuda do vereador David Miranda, primeiro gay assumido da Câmara do Rio, a advogada do gabinete do político, Samara Castro, passou a tomar conta do caso de Victorya. “A gente está prestando atendimento jurídico. Vamos entrar com um requerimento contra a Comlurb. Também vamos marcar uma reunião com representantes da companhia para que eles promovam treinamentos e melhorem a assistência aos funcionários”, afirmou Miranda.

Procurada, a Comlurb informou em nota de apenas uma linha o seguinte: “de forma geral nessas situações, sempre respeita a individualidade dos funcionários, inclusive a forma como querem ser tratados”.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

Você vai curtir!