Mulher trans é morta a pauladas no Centro de Manaus: “Destruíram os sonhos dela”

Uma mulher trans foi morta a pauladas na madrugada do último sábado (24/04), na Rua Lobo D’Almada, no Centro de Manaus. Andressa Santos tinha 36 anos e sonhava em cursar faculdade de estética e iniciar o processo de redesignação de gênero.

Ela saiu aquela noite para se divertir. Disse ‘vou ali’, mas não voltou. Depois descobrimos que ela havia sido assassinada. Acabaram com a história da minha irmã. Destruíram os sonhos dela“, relata a irmã da vítima, Evalcilene Santos, em entrevista ao portal Em Tempo. “Eu sou ativista pelos direitos das mulheres, respeito e luto muito por isso. E penso ‘poxa, isso tinha que acontecer logo com a gente?’. Eu não consegui proteger a minha irmã”, comenta Evalcilene, muito emocionada. Segundo ela, a família estava em casa quando uma das colegas de Andressa enviou um vídeo via WhatsApp de um homicídio no Centro de Manaus, sob suspeita de que fosse a irmã de Evalcilene. Após assistir ao conteúdo, a irmã também passou a desconfiar, mas a confirmação só veio após os parentes irem ao Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo.

No interior as pessoas chamavam ela no masculino e ela não gostava. Queria ser chamada de Andresa e respeitada por isso. Quando veio para Manaus, começou a querer estudar e mudar de vida, mas era muito difícil sem um trabalho por causa da pandemia“, desabafa Evalcilene. Ela acredita que a irmã tenha sido assassinada durante um ataque transfóbico. “A Andresa sofria muito preconceito, mas como diziam as amigas dela, a minha irmã não baixava a cabeça. Eu imagino que, durante a noite de sábado, ela tenha sofrido ataques transfóbicos e tenha reagido, por isso, foi morta a pauladas“, comenta.

Segundo a Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Amazonas (Assotram), esse é o terceiro assassinato de uma pessoa trans no estado apenas em 2021. “Ainda estamos no quarto mês do ano e esse número já é maior que o ano passado. E nesse caso, a Andresa foi morta a pauladas, ou seja, não basta apenas matar, tem que humilhar, tirar nossa dignidade. É realmente um crime de ódio”.

VEJA + NO PHEENO TV

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

Você vai curtir!