Enfermeira denuncia transfobia dentro de agência do Bando do Brasil: “Se não denunciar, isso não vai acabar”
A Polícia Civil investiga um crime de transfobia contra uma enfermeira, em Salvador. O caso aconteceu na segunda-feira (31/01), dentro de uma agência bancária do Banco do Brasil, na Avenida Estados Unidos, no bairro do Comércio. Em depoimento, a vítima afirmou que foi constrangida por uma bancária, que teria se recusado a chamá-la pelo nome social.
Ao G1, Lorrany Manthele detalhou que foi à agência bancária com a mãe, que é pensionista e aposentada. As duas chegaram no local às 8h e esperaram mais de 4 horas. Por causa da demora no atendimento, a enfermeira pediu esclarecimentos a funcionária, que disse que não poderia falar com ela e que era para a enfermeira aguardar a senha. No entanto, logo em seguida, a mulher chamou a mãe da enfermeira para atendimento e pediu que a idosa mandasse a enfermeira se afastar. “Aí ela falou assim para minha mãe: ‘A senhora pode pedir para esse rapaz parar de falar, porque eu tenho que atender a senhora primeiro’“, contou a enfermeira. “Eu falei a ela que rapaz, não. Eu tenho nome, Lorrany. Aí ela disse: ‘Eu estou vendo um rapaz’“.
Além do constrangimento, a enfermeira também relatou ter atendimento negado pela servidora. “Eu não vou te atender e se eu fizer isso, me perdoe, mas eu vou chamar pela identidade, que é o nome de homem”, diz Lorrayne sobre o que ouviu da funcionária dentro da agência. A enfermeira denunciou o caso para o gerente da agência bancária. “Eu falei para o gerente que eu não queria ser mais atendida por ela, porque ela é um monstro. O gerente deu risada e justificou que ela estava com problemas“, disse a enfermeira.
Por meio de nota, o Banco do Brasil informou que está “tomando todas as medidas para apurar o caso“, e que “preza pela ética nas relações com seus clientes, sem distinção quanto a qualquer grupo social“. A mulher já foi identificada e será intimada para prestar depoimento na Delegacia do Bonfim, onde o caso foi registrado. “Se a gente não denunciar, isso não vai acabar“, desabafa Lorrayne.