Israelense submetido à “cura gay” por sete anos relata experiência: “Eu posso encontrar o amor”
Durante sete anos, o israelense Ben Zilberman foi submetido terapia de conversão, algo que supostamente mudaria sua sexualidade. Ele foi iniciado no tratamento após um professor notar os sentimentos de Ben por um colega de classe. O rapaz cresceu em uma comunidade ultra ortodoxa, e a família esperava que ele casasse cedo.
Segundo o israelense, as pessoas que conduziram o processo de “cura gay” relacionaram a orientação sexual com um suposto trauma de infância. “[Me disseram] que me sinto atraído por homens devido a um trauma de infância que me fez pensar que não sou masculino o suficiente. ‘Vamos verificar o que o fez pensar que não é homem o suficiente a ponto de precisar de outro homem para preencher esta lacuna‘”, revelou Ben, em entrevista a agência de notícias alemã Deutsche Welle. Ele conta que a terapia buscava mudar o pensamento do paciente, de forma a fazê-lo se sentir “másculo”.
Ben conta que o que fez se sentir motivado a superar os anos sob a terapia de conversão foi “sair do armário para todo mundo”. Com poucas visitas a distritos ultra ortodoxos que discriminam homossexuais, o homem participa de grupos LGBTQ, frequentado por pessoas com histórias semelhantes. “Conheci um casal de homens que estão juntos há quase 60 anos e pensei: ‘nossa, é muito diferente do que me disseram’. Eu posso encontrar o amor, do jeito que quero ser”, afirma Ben.
Tel Aviv, cidade na costa do país, é considerada a capital do oriente médio, com 25% da população homossexual e movimentos LGBTQIA+ articulados. Apesar de não haver legislação que proíba o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, tradições religiosas mantém o tema como um tabu. Recentemente, o Ministério da Saúde do país divulgou uma diretriz que proíbe profissionais da saúde a orientarem homossexuais a se submeterem a procedimentos de “cura gay”. No entanto, ainda não há leis que abordem o tema.