Sou obrigado a ter empatia com o gay evangélico que acredita ser ex-gay?

Não, porque ninguém é obrigado a nada. MAS DEVE. A fé é um sentimento subjetivo que se manifesta a partir de uma necessidade, ou seja, nós não nascemos com ela. E essa necessidade, geralmente parte de um local de sofrimento: mãe doente, estar desempregado, passar no vestibular, não superação de uma perda, SER GAY. Sim, para muitos de nós, ser gay é um sofrimento que reside na homofobia estrutural internalizada.

Um jovem que busca na igreja respostas para suas dúvidas sobre sua sexualidade não se questiona se é gay ou não, mas se ser gay é certo ou errado e é nesse ponto que a fé exerce sua função – errada e cega – de dizer que o certo é sempre aquilo que é norma aos olhos de Deus, e esse Deus é pintado de acordo com a bíblia cristã, que por sua vez é pintada de acordo com o que o homens acreditam, ou seja, não tem nada de divino, a questão é somente moral e social.

É muito questionável atacar ou abandonar um jovem LGBT+ que entende que sua salvação está no abandono de sua subjetividade, na anulação da sexualidade e negação dos desejos, porque esse também é um local de sofrimento somado à pressão dos membros da igreja, pastores, doutrinação e lavagem cerebral diária que esse jovem recebe, somado às suas crises prévias de identidade e sexo. É um turbilhão de informação que gera medo: a base da fé cristã.

Um LGBT+ com medo é muito mais frágil e suscetível a doutrinações limitantes, por isso sim, um pouco de empatia, em vez de ataque, críticas ou deboche, pode resgatar esse LGBT+ fragilizado desse local de medo. Basta demonstrar, através do diálogo, e paciência, que existe um lugar onde tudo é muito lindo – e não, não é o céu – é um lugar chamado liberdade, onde você pode ser o que quiser com ou se fé.

Bee 40tona

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