Justiça mantém condenação à prisão de Gilberto Barros por fala homofóbica durante programa
A 13ª Câmara de Direito Criminal de São Paulo decidiu manter a condenação da 4ª Vara Criminal do Foro Central da Barra Funda ao apresentador Gilberto Barros diante de suas falas homofóbicas no programa, “Amigos do Leão“, apresentado ao vivo em seu canal no YouTube, em 2020. Na ocasião, Gilberto disse que “vomita” ao ver “beijo de língua de dois bigode” e que agrediria caso presenciasse a cena.
“Você lembra a hora que eu acordava para trabalhar na Rádio Globo, quando cheguei a São Paulo, em 1984? Tinha que acordar às 2h30 e ainda presenciar, no lugar onde guardava o carro, beijo de língua de dois bigodes. Porque tinha uma boate gay lá na frente. Não tenho nada contra, mas também vomito, sou gente. Naquela época ainda, imagina. Chegando do interior… Hoje em dia, se quiser fazer [na minha frente], faz, mas apanha os dois“, disse o apresentador.
O Tribunal de Justiça de São Paulo havia condenado o apresentador a dois anos de prisão em regime aberto, 10 dias multa (no valor de 1/5 do salário mínimo) e prestação de serviços à comunidade por ter praticado homofobia e incitado a discriminação por orientação sexual. O Ministério Público e os advogados de Gilberto recorreram da decisão de 16 de agosto do ano passado, porém, nesta terça-feira (30/05), segundo informações do portal Splash, do Uol, os desembargadores a mantiveram a decisão.
“Suas falas hostis, por mais que tenham sido em somente um pequeno trecho da apresentação, certamente menosprezaram tais grupos perante o seu público. Assim, o sentenciado, ao proferir tais palavras, extrapolou os limites da sua liberdade de expressão e opinião“, diz o documento assinado pelo relator Adilson Paukoski Simoni. “Se fosse o caso de apenas relatar uma vivência passada, poderia ter esclarecido que se tratava de um fato antigo, sem qualquer manifestação preconceituosa”.
À Justiça, Gilberto de Barros confirmou a fala homofóbica, mas negou que tenha atacado a comunidade LGBTQIA+. Ele disse estar “constrangido com a situação, pois sempre usou sua arte ou ofício para melhorar o país”.