“Xuxeta a Caça Treta” retorna e por que os nascidos nos 70-80 têm que assistir

Se você foi uma criança viada nos anos 80 e 90, essa é uma das poucas chances de ir ao teatro para rir e sair de lá com os olhos vermelhos de lembranças nem tão boas assim. Porque a vida de uma travesti não é fácil e a da Xuxeta não seria diferente: presa, ela se vê em vias de despedir de suas colegas de cela para uma prisão se segurança máxima, a prisão que é a vida dos LGBTs por muito tempo.

A icônica personagem criada por Caike Luna e Lindsay Paulino, sucesso nas 4 temporadas de “Xilindró”, do canal Multishow, é personagem central de uma peça com Lindsay Paulino, Augusto Portes e Paulo Victor que transporta bichas, travestis, sapatões, em especial os com mais de 35 anos e que cresceram sem privilégios, para seu passado, bom e ruim, ampliando o humor da peça à ativismo e drama.

Xuxeta, que divide uma cela de cadeia com suas colegas, é uma travesti cheia de passado: a boneca barbie, o carinho da avó, a vida na periferia, fome, rejeição, amizades ruins… tudo aquilo que permeia a vida da maioria de nós, LGBTs, mas contado com tanto humor, que há momentos que choramos de rir e momentos que rimos de chorar.

O espetáculo traz uma linguagem da palhaçaria com referências do imaginário popular. O cenário, poluído de objetos da nossa infância, casa dos pais, interior, nos faz resgatar memórias afetivas, ao passo que a narrativa que oscila entre presente e passado justifica a qualidade biográfica do texto: uma bicha sofrida, mas que não se cala diante das adversidades da vida.

Xuxeta é uma diva dos bordões que não saem de moda, daquelas que a gente quer parecer com ela, no deboche, no abuso, no carão e na inteligência, como toda boa bicha travesti tem que ser – pra sobreviver. “Xuxeta a Caça Treta” está no Teatro Viradalata às sextas, sábado (21h) e domingo (17h) até 28 de maio. Corre, que a gata vai ser transferida pra outra prisão e pode ser que não a vejamos mais.

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