Empreiteiro transexual capacita LGBTs em vulnerabilidade social no Mês do Orgulho

Só de pensar em fazer obra, sobe um arrepio na espinha. Quebra-quebra, barulho, sujeira e muitos imprevistos são algumas das coisas que estão associadas a uma reforma. Mas se você for uma pessoa LGBT ou uma mulher, o assédio e a violência podem entrar na sua lista de preocupações antes de consertar algo na sua casa.

Foi inspirado em um caso de violência que aconteceu contra um casal de lésbicas durante uma instalação de ar condicionado em sua casa, que o estudante de engenharia elétrica Chris Carvalho (na época com 26 anos) resolveu criar a Arco Íris Obras. Após ver suas amigas sendo agredidas pelo pedreiro contratado, Chris resolveu que queria fazer a diferença nesse mercado.

Ele conhecia de perto violências desse estilo. Por ser um homem trans negro, sua capacidade como engenheiro era constantemente questionada na PUC Rio, onde estudava e sua identidade diariamente invalidada. Apesar das dificuldades, a Arco Íris Obras está no mercado há mais de 5 anos, tendo feito centenas de obras e reparos.

Chris montou uma equipe diversa e hoje em dia atende desde pequenos reparos até obras completas. Tendo consolidado sua empresa, o engenheiro resolveu que era o momento de ajudar mais pessoas LGBT e criou um curso de capacitação de obras para pessoas em situação de vulnerabilidade dentro de sua comunidade. Ele conta de onde saiu a ideia: “Meu trabalho me deu opções que atualmente são raras para uma pessoa trans. Por isso, resolvi que a capacitação de outros, poderia ajudar a quebrar o ciclo de ódio e falta de oportunidade”.

Com isso, junto da Capacitrans, ONG de capacitação de pessoas transgêneros no Rio, criou o curso de obras e reparos, que teve início na primeira sexta-feira do mês do orgulho LGBTQIA+. Durante as 24 aulas os alunos estão aprendendo sobre pintura, elétrica, alvenaria e pequenos reparos. A ideia é que eles possam sair do curso capazes de oferecer os serviços e criar uma fonte de renda. Os que se destacarem poderão ser contratados pela própria empresa para fazerem parte da equipe da Arco-íris.

A ideia é que o curso possa abrir as mesmas oportunidades para pessoas LGBT que o mundo da construção abriu para ele. “Nesses anos de trabalho, pude ter oportunidades e chegar em muitos lugares que jamais imaginei enquanto pessoa trans. Agora, é momento de trazer mais pessoas para que possam aproveitar esse caminho e construir um lugar menos preconceituoso dentro da área de construção“.

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Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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