“Mulheres de fachada é mais comum do que se imagina”, diz Ferretti sobre gays no futebol

Ex-goleiro do Flamengo e primeiro presidente abertamente gay de um grande clube de futebol brasileiro, Emerson Ferretti, do Esporte Clube Bahia, se abriu a respeito das dificuldades que enfrentou no esporte ao assumir sua homossexualidade, em 2022. Segundo ele, há diversos jogadores que simulam uma vida heterossexual de fachada para evitar discriminação. 

É claro que há muitos homens gays no futebol, mas isso é ignorado. Namoradas e até mulheres de fachada são mais comuns do que se imagina. Eu realmente entendo quem recorre a esse teatro. Eles não querem se tornar o centro das atenções, nem serem prejudicados à isso“, disse ele em depoimento à revista Veja. Ele relata que entrou para a escolinha do Grêmio aos oito anos e que por ter jeito efeminado percebeu que precisaria se esconder se quisesse crescer no futebol.

“Foram décadas de solidão, inserido em um ambiente que não tem nenhum pudor em se demonstrar machista e cheio de preconceitos. Ao mesmo tempo, não queria abrir mão do meu sonho de ser goleiro. Morria de medo de ser descoberto“, relembra Ferretti. “Só fui ter coragem para me relacionar com outro homem depois dos 21 anos. Escondido, evidentemente”. Gaúcho de Porto Alegre, Ferretti relembrou que, aos 20 anos, quando conquistou a titularidade no Grêmio, “a fama só fez a pressão aumentar“.

Em diversos momentos, entrei em depressão e pensei em desistir do futebol. Por mais que tentasse preservar minha intimidade, as fofocas corriam soltas pela cidade. Nunca apareci rodeado por mulheres, nos bares e casas noturnas, nem ao lado de namoradas, como costumam fazer os jogadores héteros. Meus próprios companheiros de equipe começaram a desconfiar de mim e a soltar piadinhas no vestiário”, disse o presidente Esporte Clube Bahia.

Assumido desde 2022, Ferretti diz que só se sentiu saindo do armário “de verdade” no pré-carnaval deste ano quando foi fotografado ao lado de um homem, algo inédito em seus 52 anos de idade. “Passei a refletir sobre os motivos desse desconforto e percebi quanto esse medo ainda está presente em mim. Mesmo sabendo que não estava fazendo nada de errado, sinto que enfrento um tabu, tamanho é o preconceito no meio em que atuo desde a infância.”

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Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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