Entrevista de Maguila em que defende gays viralizou dias antes de sua morte: “Nascem com dom”

A notícia da morte de Maguila, ex-boxeador e ícone do esporte brasileiro, aos 66 anos, comoveu o Brasil nesta quinta-feira (24). Maguila, que lutou em grandes competições internacionais e conquistou uma legião de fãs, enfrentava problemas de saúde nos últimos anos, mas será sempre lembrado por sua garra e personalidade dentro e fora dos ringues. O anúncio de sua morte despertou inúmeras homenagens, especialmente nas redes sociais.

Entretanto, dias antes de sua morte, um momento inusitado trouxe Maguila novamente aos holofotes. Uma entrevista de 1992, concedida ao programa “25ª Hora”, da TV Record, viralizou nas redes sociais. No vídeo, Maguila defendia abertamente os homossexuais em uma época em que a aceitação e a discussão sobre a diversidade sexual eram ainda mais escassas. O ex-pugilista, com suas palavras simples e diretas, afirmou que a homossexualidade não era uma doença, mas um dom.

“Então, para mim, esse negócio de ‘homossexualismo’ é para quem sabe ler, quem inventou esse nome científico. Eu não tenho estudo. Então, para mim, o ‘viado’, no caso, não é uma doença. Ele já nasceu com esse dom de ser ‘viado’ e transar com homem. Então, eu não acho que é uma doença. A pessoa já nasceu com dom”, disse o ex-pugilista.

Em outro momento da entrevista, disse que agiria com naturalidade quando o filho, na época com cinco anos, olhasse um beijo entre dois homens. “Eu tenho um filho de cinco anos. Se eu vir um homem beijando o outro, e ele me perguntar: ‘Pai, o que é isso, um homem beijando o outro?’. Eu digo: ‘Todos os dois são ‘viados’. Pronto”, concluiu Maguila.

Entre os que celebraram as palavras de Maguila, estava seu filho, o artista Júnior Ahzura, que é abertamente gay. Júnior publicou o vídeo nas redes sociais e fez questão de destacar o orgulho que sente de ter um pai que sempre o respeitou e aceitou. “Mais que um herói nacional, meu pai sempre foi alguém que me apoiou incondicionalmente”, escreveu ele.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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