Único boxeador profissional gay do mundo está criticando seu esporte por não apoiar lutadores LGBTQ+

Quando o agora aposentado boxeador profissional Orlando Cruz se declarou gay, há 11 anos, nada aconteceu. Seu treinador, empresário e outros lutadores não o trataram de maneira diferente, e ele continuou a crescer no octógono. Mais de uma década depois, no entanto, Cruz continua sozinho. Ainda não existe outro boxeador profissional gay assumido no mundo.

Em nova entrevista, ele diz que o motivo está relacionado a falta de suporte do seu esporte. “Jovens boxeadores estão se matando, porque estão com medo”, disse ele à publicação Bad Left Hook. “Eles não têm para onde ir e a depressão os atinge. Nosso esporte não está fazendo nada para ajudá-los”, lamenta o lutador aposentado. Como mostra o site Queerty, a história de Cruz não é tão cor de rosa. Ele se assumiu para seus pais aos 19 anos e, embora sua mãe o apoiasse, seu pai o evitou por um ano. “Ele estava enojado. Agiu como um pai típico e não falou comigo por um ano”, disse ele ao The New Yorkerem 2016.

Atualmente, Cruz descreve seu pai como seu “melhor amigo” e uma força orientadora em sua vida. Como o único boxeador profissional gay da história, ele está bem ciente de sua posição e do poder de sua visibilidade. “Quero tentar ser o melhor modelo que posso ser para as crianças que olham para o boxe como um esporte e uma carreira profissional”, disse ele ao New Yorker. “Eu fui e sempre serei um orgulhoso porto-riquenho. Sempre fui e sempre serei um gay orgulhoso”.

Ao contrário do que muitos imaginavam, a carreira de Cruz não parou quando ele se declarou publicamente. Na verdade, floresceu. Ele venceu sete de suas primeiras nove lutas após seu grande anúncio; e em 2016, competiu para se tornar o primeiro campeão mundial de boxe gay. Hoje ele acredita que seu sucesso não teria sido acontecido se permanecesse no armário. “Eu queria me tornar campeão mundial e senti que isso exigiria todo o meu foco e minha energia. Sair do armário me relaxou”, garantiu ele. “Eu sabia que poderia me concentrar apenas no treinamento e nada mais“.

Embora a representação LGBTQ+ no boxe seja inexistente, existem algumas lutadoras em ascensão no mundo do MMA, especialmente no lado feminino. Liz Carmouche, Jessica Andrade e Amanda Nunes são todas condecoradas (Nunes é ex-campeã peso-pena do UFC e duas vezes peso-galo feminino do UFC). Além delas, Fallon Fox se tornou a primeira lutadora trans na história do MMA, em 2013.

Cruz deseja desesperadamente que a cultura do machismo em torno do boxe e do MMA mude, e está fazendo tudo o que pode. Apenas ser ele mesmo e falar livremente é uma declaração importante.

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Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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