Alegando racismo e falta de investimento, Batekoo cancela edição 2024 de seu festival anual
Nesta quinta-feira (31/10), a organização do Festival BATEKOO anunciou o adiamento da sua edição 2024, que estava agendada para o dia 23 de novembro em São Paulo. O festival, que havia prometido um line-up recheado com grandes nomes como BK’, Karol Conká e Alaíde Costa, enfrenta agora um revés significativo devido à falta de patrocínio. A equipe organizadora usou a ocasião para expor o racismo estrutural que permeia o mercado publicitário, enfatizando a necessidade urgente de um compromisso verdadeiro com a diversidade e a inclusão.
Em uma nota divulgada, a equipe do festival ressaltou que a viabilidade de eventos culturais no Brasil está fortemente atrelada a incentivos de empresas privadas e públicas. “O Brasil está vivendo uma crise silenciosa no setor cultural, e quando falamos de um projeto pensado por e para pessoas negras, esses impactos se tornam sempre mais danosos”, declarou a organização. Essa crise não apenas afeta a realização de eventos como o BATEKOO, mas também revela a fragilidade do apoio a iniciativas que promovem a cultura negra no país.
Os ingressos já adquiridos poderão ser reembolsados por meio de um formulário disponível até 1º de dezembro de 2024. O prazo para o ressarcimento varia conforme o método de pagamento: até 60 dias para compras com cartão de crédito e até 10 dias úteis para pagamentos via Pix. Os participantes também têm a opção de solicitar um voucher equivalente ao valor do ingresso, válido para qualquer evento da BATEKOO até 31 de dezembro de 2025, podendo ser solicitado até 30 de janeiro do próximo ano.
Maurício Sacramento, fundador e CEO da BATEKOO, expressou sua frustração com a falta de apoio para eventos voltados para a comunidade negra: “É muito bom falar de vitórias, mas também é muito importante falar sobre derrotas. […] Se entregamos o mesmo (ou mais) em relevância, números e alcance, por que os festivais propostos por e para a comunidade negra do Brasil ainda estão sendo esquecidos nas decisões de grandes empresas em onde investir?” Já Artur Santoro, curador e sócio da BATEKOO, complementou a crítica, apontando que muitas marcas ainda não cumprem com a representação mínima de pessoas negras em suas equipes e agências, o que torna a luta por patrocínios ainda mais desafiadora.