Transfake em 2025? Polêmica surge com escalação de atriz cis para papel trans em ‘Geni e o Zepelim’

A escalação da atriz cisgênero Thainá Duarte para o papel principal de Geni e o Zepelim, adaptação da canção de Chico Buarque, tem sido alvo de críticas nas redes sociais. Artistas e ativistas trans questionam a escolha de uma mulher cis para interpretar uma personagem historicamente vista como travesti, especialmente em um contexto em que a representatividade trans no cinema ainda é escassa. A diretora Anna Muylaert defendeu a decisão, afirmando que a obra permite múltiplas leituras, incluindo a de Geni como uma mulher cis, mãe solo ou até uma figura política deposta.

A polêmica ganhou força após declarações de personalidades como a atriz e transpóloga Renata Carvalho, que acusou a produção de perpetuar a “transfobia velada”. Em suas redes sociais, Carvalho destacou a importância de personagens trans serem vividas por pessoas trans, especialmente em uma narrativa que aborda marginalização e violência. A poetisa Bixarte e a cantora Simone Mazzer também se manifestaram, reforçando a necessidade de maior inclusão em produções artísticas, principalmente em 2025, quando discussões sobre representatividade deveriam estar mais avançadas.

Lançada em 1978, a canção Geni e o Zepelim integra o musical Ópera do Malandro e retrata uma prostituta transexual que se sacrifica para salvar uma cidade que a despreza. Apesar de a obra original não deixar explícito o gênero da personagem, montagens teatrais consagraram Geni como uma figura trans. Diante das críticas, Muylaert e a produtora Iafa Britz argumentam que o filme busca explorar novas interpretações, incluindo uma leitura ambientalista, em que Geni simboliza a violência contra a natureza e as mulheres.

As filmagens, que acontecerão no Acre, prometem trazer uma abordagem contemporânea à história, mas a controvérsia persiste: enquanto a equipe enxerga a escolha como uma expansão artística, parte do público vê uma oportunidade perdida de amplificar vozes trans.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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