Operação contra pegação em banheiro de estação de trem em Nova York resulta em 200 prisões

Uma operação policial em um banheiro masculino da Penn Station, em Nova York, está causando polêmica e revolta entre ativistas e parlamentares norte-americanos. Desde junho, agentes da Polícia da Amtrak — empresa estatal federal responsável pelo transporte ferroviário de passageiros nos Estados Unidos — iniciaram uma repressão agressiva que já resultou em cerca de 200 prisões, incluindo pelo menos 20 detenções feitas pelo ICE (Serviço de Imigração e Alfândega).

Em comparação, apenas 12 homens haviam sido presos nos cinco primeiros meses do ano. A ofensiva começou justamente no início do Mês do Orgulho e segue até hoje, com registros de até 20 prisões em um único dia. O alvo da operação é um banheiro próximo à entrada da Penn Station, a principal estação ferroviária de Nova York e uma das mais movimentadas do mundo, localizada no coração de Manhattan.

Segundo o portal Gothamist, policiais disfarçados estariam à espreita em mictórios ou escondidos em cabines, alguns com câmeras acopladas ao corpo, para efetuar flagrantes de suposta obscenidade pública ou exposição indecente. O vice-chefe da Polícia da Amtrak, Martin Conway, confirmou que parte dos presos foi entregue ao ICE — o que levanta ainda mais críticas, já que, pelas leis estaduais, departamentos de polícia de Nova York não podem colaborar com a agência de imigração, embora a Amtrak, por ser federal, esteja fora dessa regra.

Entre os casos mais emblemáticos está o de David, um profissional de saúde de 31 anos, que contou ao site The City ter sido preso enquanto apenas tentava urinar, usando uma pulseira de arco-íris. “Nunca fui preso na minha vida. Foi traumatizante”, disse ele, após ser liberado três horas depois e ter o processo arquivado depois de participar de um programa de desvio. Até mesmo um sargento da polícia de NY foi preso durante a operação — seu caso também acabou sendo arquivado. Para muitos, o padrão das detenções indica que membros da comunidade LGBTQIA+ estão sendo desproporcionalmente visados.

Na última sexta-feira (26/09), quatro parlamentares, incluindo o deputado Jerrold Nadler e o senador estadual Brad Hoylman-Sigal, enviaram uma carta ao presidente da Amtrak, Roger Harris, expressando “indignação” diante da prática. “Embora a Amtrak tenha o direito de garantir que suas instalações não sejam usadas para fins ilícitos, não acreditamos que deva fazê-lo por meio de uma campanha hostil de prisões que lembra o policiamento anti-LGBTQ da era Stonewall”, escreveram.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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