No Dia Internacional Contra a Homofobia, estudantes criam projetos que visa combater o preconceito

Presenciar fatos e ações que discriminam, machucam ou magoam alguém conhecido atinge em cheio qualquer um e nos provoca: acabamos nos colocando no lugar da pessoa que sofreu a agressão.

Foi a partir desse sentimento de empatia após tomarem conhecimento de situações de homofobia no ambiente escolar que cinco grupos de estudantes de diferentes regiões brasileiras decidiram agir em prol dos colegas vítimas de ataques discriminatórios – em alguns casos mais graves, as vítimas chegaram a se mutilar ou até mesmo a pensar em cometerem suicídio.

No dia internacional contra a homofobia, celebrado nesta quinta-feira (17/05), o programa Criativos da Escola, do Instituto Alana, relembra projetos transformadores protagonizados por jovens para combater a discriminação e o preconceito. Vale citar, neste sentido, que a data foi escolhida por ter sido nesse dia, em 1990, que a homossexualidade foi excluída da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Sem Vergonha | Curitiba (PR) – Premiado em 2017

Um dos projetos premiados no Desafio Criativos da Escola 2017 nasceu a partir da comoção que o sofrimento de uma jovem homossexual provocou em seus colegas, que também são jovens aprendizes de formação profissional do Centro Educacional Marista Irmã Eunice Benato, em Curitiba (PR).

De tanto sofrer agressões, ameaças e preconceito por conta de sua orientação sexual dentro e fora da sala de aula, a estudante Jessica Monteiro, 17, já tinha se visto obrigada a mudar de escola uma vez. No entanto, mesmo em um novo ambiente os problemas persistiam. Depois do relato de Jessica, seus colegas de classe também passaram a compartilhar situações de discriminação e/ou homofobia que sofreram ou presenciaram e, então, surgiu a ideia de criar o projeto “Sem Vergonha”: por meio de intervenções na escola, o grupo abriu um diálogo sobre sexualidade, gênero e respeito às diferenças. Tudo isso de maneira leve e descontraída, de jovem para jovem.

Transgêneros e Cyberbullying: Uma questão de respeito | Londrina (PR)

Tanto as discussões sobre bullying e seus efeitos – a partir da série “13 Reasons Why”, que trata de bullying e suicídio entre crianças e adolescentes – quanto o debate provocado pelo Decreto Federal nº 8.727/16 – que autoriza o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais – fizeram com que os alunos da Escola Estadual Monsenhor Josemaría Escrivá se mobilizassem para conscientizar seus colegas a respeito da discriminação que seus pares sofrem.

Criando o projeto “Transgêneros e Cyberbullying: uma questão de respeito”, os estudantes produziram cartazes sobre a importância de saber o que fazer quando se deparar com esse tipo de agressão na escola e promoveram discussões envolvendo a comunidade, além de tirarem dúvidas dos colegas sobre os temas.

Diário de Gente: Gênero e Sexualidade na Escola | São José da Tapera (AL)

O cotidiano da Escola Estadual Lucilo José Ribeiro era marcado por experiências desconfortáveis de preconceito, discriminação, automutilação e ideias suicidas, vivenciadas principalmente por alunos e alunas em conflitos sobre orientação sexual e identidade de gênero. Preocupado com a situação dos colegas, um grupo de estudantes criou o projeto “Diário de Gente: gênero e sexualidade na escola”, que propôs uma série de oficinas para a comunidade escolar com o intuito de avançar no diálogo sobre compreensão e respeito, para questões como diversidade, identidade de gênero e sexualidade.

Para envolver ainda mais os colegas, os jovens desenvolveram outras atividades – sempre com foco nas temáticas de gênero e sexualidade – como rodas de conversas, sessões de cinema, teatro, dança, palestras, seminários, cartazes, avaliação escrita e mostra fotográfica. Tudo para acabar com atitudes preconceituosas e discriminatórias dentro da escola.

Ancorados na arte contra a homofobia | Jequié (BA)

O Colégio Estadual Luiz Navarro de Brito, de Jequié (BA), sempre se considerou aberto à diversidade e, por isso, sempre deu total liberdade para que os estudantes pudessem se expressar sobre suas sexualidades. Mesmo assim, alguns alunos e alunas apresentavam comportamentos homofóbicos, fato que acendeu um sinal amarelo para um grupo de jovens: não seria ruim que esses colegas saíssem da escola sem compreender os direitos e particularidades do outro? Essa reflexão deu origem ao projeto “Ancorados na arte contra a homofobia”.

Para promover a empatia e combater o preconceito, os estudantes sugeriram o “abraço solidário”, uma ação semanal para estimular que todos se abracem na escola. Essa simples atitude impactou positivamente na vida dos jovens, especialmente aqueles que sofriam com o bullying. Paralelamente, os estudantes realizaram manifestações artísticas como peças de teatro, performances, leituras, palestras com especialistas e rodas de conversa, durante os principais eventos escolares. O projeto desfez vários tabus, além de incentivar o respeito e a conscientização entre toda a comunidade escolar.

Diversidade Sexual e de Gênero | Juiz de Fora (MG)

A Escola Municipal Professora Áurea Nardelli está localizada em um bairro chamado de “gay” por algumas pessoas em Juiz de Fora (MG). Por isso, muitos alunos sofriam com piadas e preconceitos por parte de colegas de outras escolas. Sensibilizados com a temática e cientes de que preconceito e discriminação fazem parte da rotina de muitos jovens, alunos e alunas da “Professora Áurea Nardelli” decidiram influenciar a comunidade em que vivem e combater, assim, esses problemas. Surgia o projeto “Diversidade sexual e de gênero”, com foco na promoção do respeito à diversidade de gênero e sexualidade.

Os estudantes gravaram um vídeo nas dependências escolares e entrevistaram uma psicóloga militante do movimento LGBTTI. A partir disso, produziram um folder explicativo com orientações sobre como combater o preconceito. Depois, organizaram um evento aberto às pessoas da região com a presença de especialistas para engajar e sensibilizar a comunidade escolar e do bairro sobre a urgência de findar essas e outras formas de rejeição e intolerância.

Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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