Em livro, Luciano Huck admite que ficou em choque quando irmão contou que era gay

Luciano Huck contou em seu novo livro sobre o momento em que seu irmão, Fernando Grostein, revelou ser gay. No recém-lançado livro “De Porta em Porta“, Huck diz que a notícia foi contada pelo próprio irmão, em 1999, deixando o apresentador, então com 28 anos, em “choque“.

Quando Fernando, aos 20 anos, marcou sua posição e falou, ‘olha, eu sou gay’, essa é minha vida, isso não é uma escolha, esse é o meu ser, é como eu sou’, eu disse: ‘o.k.’. Mas, num primeiro momento, tive um certo choque – por razões que têm a ver com a forma obtusa, estúpida e quase desumana como o mundo dita as regras de comportamento, mas também porque você quer que a vida da pessoa que ama seja uma estrada asfaltada, sem buracos e pouco sinuosa. (…) No mundo em que vivemos, (…) embora isso esteja mudando, assumir-se gay ainda significa, infelizmente, enfrentar uma dose pesada de preconceito“, admite o apresentador.

Huck conta que ainda tinha alguns preconceitos na época, além do receio de que o caçula fosse alvo de ofensas devido à sua sexualidade. “A ‘libertação’ começou naquele dia em que Fernando me mostrou que não éramos nem tão parecidos nem tão próximos quanto eu imaginava. (…). Hoje, vejo o quanto os anos e anos em que fui submetido a uma espécie de pós-graduação machista – que assolou e assola minha geração e muitas outras – me tonaram incapaz de enxergar os preconceitos que pensei, disse e fiz, e, pior ainda, as coisas importantes que deixei de pensar, dizer e fazer. (…) Hoje sei que também tive medo de enfrentar meus próprios preconceitos“, explica ele.

De forma estúpida, eu achava que tinha uma certa obrigação de reproduzir com ele as toxidades que havia absorvido em nome da virilidade, de uma ‘tradição’ abjeta que gerou multidões de homens traumatizados e, no mínimo, sexualmente confusos. (…) Dada a toda carga de referências machistas e homofóbicas que a sociedade brasileira me entregara – e o preconceito e o sofrimento que imaginei que isso traria para o Fernando e para a minha família – minha primeira sensação foi, de fato, a de perder o chão. Começa ali um embate entre tudo o que tinha entranhado em mim, fruto daquilo que hoje é chamado de machismo estrutural, e minha tentativa de tentar compreender e processar as novas informações e formar uma nova consciência“, refletiu.

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Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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