Beijo entre homens era proibido na boate gay?! Mais antigo empresário da noite LGBTQ+ carioca diz que sim

As truculentas ações ocorridas durante a ditadura militar no Brasil, entre 1964 e 1985, não impediram que a noite gay do Rio de Janeiro acontecesse. Um dos pioneiros e responsável por todo o movimento foi o empresário Eduardo Gonzales, dono da boate gay mais antiga em funcionamento no país, o La Cueva. Inaugurada em 1964, no coração de Copacabana, o espaço foi considerado por muito tempo algo que atentava contra “a moral e os bons costumes“.

Natural de Vigo, na Espanha, Gonzales, que é heterossexual e veio para o Brasil aos 13 anos, contou em entrevista ao jornalista Rodrigo Faour sobre como foi sobreviver em tempos de ditadura militar e como ficou conhecido como o primeiro empresário da noite gay carioca. “Era muito difícil. As pessoas tinham raiva dos gays“, lembra ele. “A fiscalização chegava aqui com a polícia, se tivesse só homens eles mandavam fechar na hora“, conta o empresário, que precisava lutar para reabrir a casa. “Em oito dias a gente reabria. Mas teve um Carnaval que eu fiquei um mês e meio fechado“.

A perseguição era constante, no entanto, segundo Gonzales, as coisas começaram a melhor logo depois dos anos 70. “Foi quando começou a ter mais tolerância“, explica. Apesar disso, o beijo na boca não era permitido dentro da casa. “Não podia e as pessoas sabiam que não podia. Eles não queriam que [o espaço] fechasse porque era o lugar que eles tinham“, recorda o empresário. Por muito tempo, o local serviu de palco e ponto de encontro de artistas renomados da época. Gretchen, Jane Di Castro, e a cantora Rosana, do hit “Como uma Deusa“, foram alguns dos nomes que já passaram por lá.

Responsável também por gerenciar boates para o público hétero, Gonzales comenta ainda sobre a diferença entre o público LGBTQ+ e heterossexual. “O hétero fica de porre e já quer brigar“, conta o empresário de 86 anos. Por fim, Gonzales manda um recado especial para os novos empresários da noite LGBTQ+ carioca: “Seja uma pessoa boa e tenha sempre caráter. Caráter hoje é muito importante na pessoa“.

Assista a entrevista completa

Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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