IBGE diz que adiará Censo se tiver que incluir questões sobre orientação sexual e identidade de gênero
Em novo comunicado publicado hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) alega que “não é possível incluir no questionário perguntas sobre ‘orientação sexual/identidade de gênero‘” e que, se tiver de incluí-las, adiará o Censo 2022, “como única alternativa possível“. A manifestação é em resposta a decisão da Justiça Federal do Acre, determinada na última sexta (03/06).
O IBGE diz que, caso contrário, uma inclusão repentina significaria levar a campo um questionário “não estudado, não testado e com equipe não devidamente treinada“. “O IBGE informa que, a menos de dois meses do início da operação do Censo Demográfico 2022, não é possível incluir no questionário pergunta sobre ‘orientação sexual/identidade de gênero’ com técnica e metodologia responsáveis e adequadas — muito menos com os cuidados e o respeito que o tema e a sociedade merecem“, diz comunicado do instituto. Ele acrescenta que a mudança causaria “impacto financeiro severo” ao orçamento destinado à pesquisa, que hoje é de R$ 2,3 bilhões. Afirma ainda que uma mudança metodológica pode elevar o tempo de coleta, aumentar o gasto com mensalistas e aluguéis, e diminuir a produtividade do recenseador.
O IBGE diz que os testes de homologação dos sistemas foi realizado no ano passado e que a avaliação dos técnicos responsáveis é que alterar esses sistemas agora põe em “risco considerável” toda a operação censitária. “Seria irresponsabilidade arriscar a integridade do Censo Demográfico enquanto principal pesquisa do país, ainda que por iniciativa inspirada em legítimas causas e boas intenções“, afirma.
Na última sexta, decisão da Justiça Federal do Acre determinou que o IBGE coloque orientação sexual e identidade de gênero no Censo de 2022. A inclusão desses campos permite levantamento de mais informações sobre números da comunidade LGBTQIA+, importante para políticas públicas.