Talvez não precisemos de um beijo depois de um pedido de casamento

“Kelmiro” é um dos maiores passos da TV brasileira quando o assunto é representatividade de romances LGBT+ nas novelas e eu posso provar (pelo menos sob a minha perspectiva otimista). SIM, QUEREMOS BEIJO, precisamos de mais beijos, amassos, língua, tudo o que os casais héteros vem fazendo há décadas na TV aberta, mas vocês já se questionaram sobre um relacionamento gay que além de divertido, tem nuances de homofobia estrutural e até “cura hétero”? Vou explicar.

Ramiro diz que aprendeu que homem não casa com homem, mas seu amor por Kelvin o faz questionar que isso talvez seja possível. Lembram de Tieta dando um baile no sobrinho? Pois é, quase 35 anos depois, esse baile aconteceu sem briga, sem polêmica, Kelvin fez Remiro refletir sobre o casamento igualitário sob a perspectiva da autoaceitação e do direito. Esse roteiro impecável seria impossível nos tempos de Tieta do Agreste.

Para além do amor explícito, temos a vontade de deixar tudo pra trás pra viver com o amado, tem as brincadeiras safadas, tem um círculo de amigos torcendo pelo casal e ainda tem milhões de brasileiros engolindo esse romance em horário nobre. Um romance de um peão másculo e uma poc, de um homem sendo desconstruído diante do público cisnormativo que provavelmente está se desconstruindo junto com ele.

Kelvin é um passo enorme na TV, é uma pele que Diego Martins vestiu com a missão de ser amado, e conseguiu. As pessoas estão torcendo para que ele dobre o peão, minha mãe de 75 anos, as tias, avós, todo mundo passou a acreditar, um pouco que seja, que o amor é possível de qualquer maneira e talvez essa seja a missão das personagens, para além de um beijo na novela das 9.

Sim, queremos um beijão de língua, deles e dos próximos, chega de selinho! Mas talvez Kelvin e Ramiro tenham preparado um terreno com uma didática, digamos, mais desenhada sobre o que é um relacionamento homoafetivo, com rede de apoio, com normalização da felicidade, com a descoberta da paixão. Talvez, para “Kelmiro”, não precisemos de beijo. E tudo bem.

Bee 40tona

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