La Cueva Bar, em Copacabana, celebra 61 anos como a boate LGBTQ+ mais antiga do Brasil

No último dia 6 de janeiro, o icônico La Cueva Bar, localizado na Rua Miguel Lemos, 51, em Copacabana, comemorou 61 anos de história. Conhecida pelo seu formato de caverna e pela atmosfera acolhedora, a boate é um marco para a comunidade LGBTQIAPN+ do Rio de Janeiro e um dos principais redutos para o público maduro e bear. Fundada em 1964, a casa noturna se destaca não apenas pela longevidade, mas também por sua contribuição à luta por inclusão, liberdade e amor em tempos de forte repressão.

O empresário Eduardo Gonzales, fundador do La Cueva, foi pioneiro na noite carioca, mesmo sem se identificar como parte da comunidade LGBTQIAPN+. Antes de abrir o La Cueva, Gonzales foi sócio do lendário Alfredão, a primeira boate gay do Rio, fundada em 1960 na Praça do Lido, localizada entre as Avenidas Atlântica e Nossa Senhora de Copacabana. Enfrentando o preconceito da época, ele desafiou normas sociais e investiu em um espaço seguro para a diversidade em um momento em que negócios assim eram vistos como “ameaças à moral”. Durante a ditadura militar, o La Cueva enfrentou diversas perseguições policiais, com direito a fechamentos e repressão contra seus frequentadores, mas resistiu como símbolo de coragem.

Em entrevista ao canal do jornalista Rodrigo Faour no YouTube, Gonzales relembrou os desafios enfrentados nos primeiros anos da boate. “Minha boate fechou diversas vezes”, contou ele, destacando que até o beijo entre casais do mesmo sexo era proibido dentro do espaço durante os anos 1960. Foi apenas na década de 1970 que, segundo Gonzales, começou a haver maior tolerância. Apesar das dificuldades, o La Cueva não apenas sobreviveu, mas se tornou a boate gay mais antiga ainda em atividade na América Latina, um verdadeiro marco na história da noite LGBTQIAPN+ brasileira.

Nas redes sociais, a casa celebrou seu aniversário com uma mensagem emocionante, exaltando suas seis décadas de acolhimento e resistência. “Um espaço que não apenas marcou gerações, mas também se tornou símbolo de liberdade, coragem e amor. La Cueva resistiu ao tempo, aos preconceitos e às adversidades, tornando-se um verdadeiro refúgio para a comunidade LGBTQIA+ e um marco na construção de uma sociedade mais inclusiva”, celebrou a casa, que preparou um festão de comemoração neste sábado (11/01). Que venham muitos outros anos de festa, união e orgulho!