Casos de depressão em pessoas LGBTQ+ na pandemia são o dobro da população geral
Relatos de depressão em pessoas LGBTQ+ durante a pandemia são o dobro da população geral, segundo informou nesta segunda-feira (01/02) o Inquérito Nacional de Saúde LGBTQI.
Feito em parceria com pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 36% das pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQ+ relataram episódios de discriminação, em especial, dentro dos serviços de saúde, ou praticada por profissionais da área. Relatos de depressão na comunidade chegaram a dobrar em relação à população que não faz parte do grupo, enquanto o percentual de pessoas gays, lésbicas, travestis, transexuais, ou bissexuais que se consideram “sempre sozinhos” chegou a 18,9% – ou, praticamente, um quinto do total.
“O objetivo do Inquérito é identificar os fatores que impactam essa comunidade, a fim de melhorar o atendimento dos serviços de saúde. Foram coletadas informações sociodemográficas, de sexualidade, violência e discriminação, além de condições e comportamentos em saúde relacionados ou não à covid-19”, explica a UFMG, em texto de divulgação. A pesquisa reúne informações até 30 de novembro do ano passado. O questionário foi respondido por 976 pessoas da população LGBTQ+.
De acordo com informações do jornal O Tempo, os efeitos da radicalização da discriminação em relação às pessoas LGBTQ+ são demonstrados, na prática, em números comparados à média da população brasileira. Conforme dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2019, 10% das pessoas na população brasileira relatam quadros de depressão. No grupo composto por gays, lésbicas, travestis, transexuais, ou bissexuais, a taxa é de 25%.
“A sociedade brasileira ainda é muito discriminadora, principalmente com essa população, o que gera um impacto considerável nas condições de saúde mental”, pontuou a coordenadora do estudo e professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Juliana Torres, em nota.