Mulher trans é agredida e processada por Policia Militar de São Paulo após filmar abordagem truculenta de PMs
Uma médica veterinária de 27 anos virou alvo de um processo movido pela Polícia Militar de São Paulo após tentar impedir uma abordagem truculenta de dois policiais contra um homem negro. Sol Santos Rocha, uma mulher trans, estava na Casa 1, centro de acolhimento para pessoas LGBTQ+ que fica no Centro da capital paulista, quando percebeu a ação da PM em frente ao local.
Indignada com a abordagem dos policiais, a médica veterinária e outras testemunhas começaram a filmar a ação truculenta dos PMs. Junto as testemunhas, ela passou a pedir que os policiais parassem com as agressões contra o rapaz. Foi neste momento que um dos agentes pediu para ver seus documento e queria leva-la para DP como testemunha. Diante da recusa, Sol foi arrastada para o outro lado da rua, ofendida e revistada por policiais homens, mesmo com a lei garantindo a mulher o direito a ser revistada apenas por uma agente policial feminina. “É muita injustiça. E ainda zombaram, riram de mim quando pedi por uma policial mulher. Disseram que não era meu direito. Ainda puxaram meu cabelo, me deram [o golpe] chave de braço, me empurraram na parede. E tentaram apagar as imagens do meu celular“, relata a veterinária em conversa com o UOL.
O caso ocorreu em fevereiro do ano passado, mas a médica decidiu vir à público esta semana fazer a denúncia, já que a Polícia a prendeu pelos crimes de desacato e facilitação de fuga. “Quando cheguei na delegacia, fui mantida por horas numa sala, suja, descalça. Nem sabia onde estava meu RG, meu celular. Os policiais passavam, davam risada. Eu já estava totalmente desestruturada física e emocionalmente. Achei que ia ficar presa“, desabafa Sol. “É um medo constante. Quando me colocaram na viatura, não tinha certeza de que iam me levar para a delegacia, porque já vimos casos de pessoas não chegarem lá”.
De acordo com informações do portal Universa, os agentes afirmam no boletim de ocorrência que Sol teria incitado a população a resgatar o homem, que teria roubado um celular, e isso começou a causar aglomeração de pessoas. Os policiais alegam que sua atitude causou grande dificuldade para realizar seu trabalho, e desconfiaram se Sol não estaria junto com o detido, tentando acobertar sua conduta. Falam ainda que ela teria se recusado a se identificar e que foi, sim, revistada por policial feminina.