Gay de 17 anos denuncia o próprio pai por homofobia em SP: “Não vai sair para encontrar macho”

Um adolescente de 17 anos denunciou o prórpio pai por homofobia depois que foi espancado pelo genitor com socos e chutes na cabeça neste domingo (24/09) em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Segundo o jovem, que é gay, o crime aconteceu porque os pais não aceitam a orientação sexual dele.

Ao G1, o adolescenrte contou que estava se arrumando para ir ao Centro comprar uma capinha para o celular quando agressões verbais por parte dos pais começaram. “Eles começaram a falar que eu não ia sair. ‘Não vai sair de casa para encontrar macho’. Eu ignorei, não costumo rebater o que eles falam. Quando eu estava saindo, minha mãe começou a falar mais ainda e meu pai começou a brigar também. Nisso, eu não aguentei e respondi“, disse ele ao portal.

Meu pai começou a vir atrás de mim com muita raiva e minha mãe disse ‘pode bater, pode quebrar’. Ele puxou minha mochila, me deu socos, me derrubou no chão e deu várias chutes na minha cabeça“, relata o jovem. Segundo a vítima, as agressões começaram depois que ele se assumiu gay para a família aos 14 anos e aumentaram há um ano e meio quando ele começou a namorar um rapaz, hoje com 19 anos.

Uma vizinha, que estava presenciando a cena de agressão, conseguiu parar o pai da vítima e levou o menino para dentro da casa dela. O adolescente ligou para os sogros e juntos foram ao 1º DP de Itaquaquecetuba. O caso foi registrado como lesão corporal e maus-tratos. Além dos ferimentos no rosto, o menino teve um corte na mão, já que a usou para proteger o próprio rosto dos chutes do pai.

A professora Cristiane Siqueira, que é sogra da vítima, conta que – por conta das brigas recorrentes da vítima com os pais – precisou abrigar o adolescente em sua casa outras vezes. Ele chegou a buscar o Conselho Tutelar e, segundo a professora, o conselho afirmou que “ele tinha que voltar pra casa dele“. “O Conselho falou que são pais dele e que ele tinha que acatar ordens dos pais“, diz Cristiane.

Em nota, a Prefeitura de Itaquaquecetuba informou que o jovem é acompanhado pelo conselho e pelo Centro de Referência Especializado de Assistência (Creas) e que está apurando informações. Afirmou ainda que o acompanhamento deste caso ocorre de forma sistemática pelas equipes e, desde março deste ano, inclusive, o adolescente atua como jovem aprendiz na administração municipal, também como forma de mediar os conflitos e dar autonomia ao adolescente.

Bloqueei todo mundo das minhas redes sociais. Nunca fui de falar muito sobre meus pais, mas eu não sei o que fazer agora. Eu não vou voltar para casa, estou com medo. O que eu quero é pegar minhas coisas e ir embora“, lamentou a vítima.

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Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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