Mulheres trans enfrentam rotina de espancamento e crimes de ódio em campo de refugiados no Quênia
Quando Cyara Kaira fugiu de sua casa em Uganda, ela esperava encontrar segurança em outro lugar – mas no notório Campo de Refugiados de Kakuma, no Quênia, a vida só piorou. Como tantos outros que estão definhando no acampamento hoje, Cyara não teve escolha a não ser sair de casa. Sua família a estava “caçando” por ser uma mulher trans, ela disse ao PinkNews.
Depois de ser presa e enfrentar ameaças à sua vida, Cyara tomou a difícil decisão de partir. Sua jornada para o Quênia foi repleta de dificuldades, mas o que a fez continuar foi a sensação de que estava fazendo a coisa certa, de que poderia haver alguma esperança do outro lado. No entanto, no Campo de Refugiados de Kakuma, não havia luz. Ela chegou ao acampamento em maio de 2021. Quando finalmente foi designada para um quarteirão para morar, ela se viu vivendo em uma área com pessoas de culturas diferentes – muitas das quais eram aparentemente hostis às pessoas LGBTQIA+.
Cyara foi agredida fisicamente, enquanto outras a despiram à força para que pudessem ver qual ógão genital ela tinha. Ela e outras pessoas trans no acampamento foram brutalmente espancadas por pessoas que apareceram em seus alojamentos com facões, pedras e paus. “Nossas casas foram queimadas. Nós somos sem-teto. Imagine ficar sem teto em um campo de refugiados – procurando onde dormir, procurando comida, procurando segurança”, desabafou ela ao Pink News.
A experiência de Cyara é apoiada por um relatório recente da Comissão Nacional de Direitos Humanos de Gays e Lésbicas (NGLHRC) e da Anistia Internacional. Juntos, eles descobriram que as pessoas LGBTQIA+ no Campo de Refugiados de Kakuma enfrentam rotineiramente crimes de ódio, violência e estupro, em meio a outras violações perturbadoras dos direitos humanos. O relatório, baseado em entrevistas com 41 requerentes de asilo e refugiados LGBTs, revela que os perpetradores da violência são permitidas por autoridades que, na melhor das hipóteses, relutam e, na pior, não querem fazer nada a respeito.
Também de Uganda, Pretty Peter é outra mulher trans no Campo de Refugiados de Kakuma. “A comunidade me rejeitou. Minha família me rejeitou”, lamentou Pretty. “Achei que tinha chegado a um lugar melhor onde poderia me expressar, onde posso me vestir como quero, então pensei que a vida seria boa, mas fiquei muito decepcionada”, diz ela.
No momento, o futuro é incerto para pessoas como Cyara e Pretty – elas não sabem quanto tempo levará para que seus pedidos de asilo sejam processados. Enquanto esperam, tudo o que podem fazer é tentar se manter seguras em um clima onde sua própria existência é vista como uma ameaça.